terça-feira, 17 de julho de 2007

Origem da Igreja









Cristo entrega as chaves do Reino a São Pedro, Capela Sistina, afresco de Perugino
A Igreja Católica acredita ter sido fundada por Cristo e os católicos crêem que a Igreja está alicerçada sobre o Apóstolo Pedro, a quem Cristo prometeu o Primado: "sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" e "Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus" (cf. Mt 16, 17-20) e depois da ressurreição o confirmou: "apascenta os meus
cordeiros" (cf. Jo. 21, 15-17) e que teria apontado Pedro, depois Bispo de Roma, e o seus sucessores como fundamento e cabeça visível de toda a Igreja.
Segundo a Igreja Católica a sua constituição consumou-se no dia de Pentecostes. Perseguidos pelo Sinédrio, rapidamente os cristãos se desvincularam da Sinagoga, desde o começo o cristianismo foi universal, aberto aos gentios e estes foram declarados desobrigados de obedecer a antiga Lei Mosaica, conforme ficou definido no ano 49 da era cristã no Concílio de Jerusalém, o primeiro concílio.



Perseguição e crescimento


O Cristianismo nasceu e desenvolveu-se dentro do quadro político-cultural do Império Romano. Durante três séculos o Império Romano perseguiu os cristãos, porque a sua religião era vista como uma ofensa ao estado, representava outro universalismo e proibia os fiéis de prestarem culto religioso ao soberano. Durante a perseguição e apesar dela o cristianismo propagou-se em Roma e pelo império. As principais e maiores perseguições foram as de Nero, no século I, a de Décio no ano 250, a de Valeriano (253-260) e a maior, mais violenta e última a de Diocleciano entre 303 e 304 que tinha por objetivo declarado acabar com o cristianismo e a Igreja. O balanço final desta última perseguição constituiu-se num rotundo fracasso, Diocleciano, após ter renunciado, ainda viveu o bastante para ver os cristãos viverem em liberdade.


Martírio de São Pedro, por Caravaggio
No decurso do século IV, o Cristianismo começou a ser tolerado pelo Império, para alcançar depois um estatuto de liberdade e converter-se finalmente, no tempo de Teodósio, em religião oficial do Estado. O imperador romano, por esta época, convocou as grandes assembléias dos bispos, a saber os concílios, e a Igreja pôde então dar início à organizaçao de suas estruturas territoriais.
A igreja cristã na região do Mediterraneo foi organizada sob cinco patriarcas, os bispos de Jerusalém, Antióquia, Alexandria, Constantinopla e Roma. As antigas comunidades cristãs foram, então sucedidas pela "sociedade cristã", o cristianismo passou de religião das minorias para então se tornar em religião das multidões. Com a decadência do Império os bispos pouco a pouco foram assumindo funções civis de caráter supletivo e a escolha do bispo passou a ser mais por escolha do clero do que pela pequena comunidade, segundo as fórmulas antigas. Por essa época não foram poucas as intervenções dos nobres e imperadores nas suas escolhas. Figuras expressivas da vida civil foram alçadas à condição de bispo, exemplo disto foram Santo Ambrósio, governador da Alta Itália que passou a bispo de Milão; São Paulino de Nola, ex-consul e Sidônio Apolinário, genro do imperador Avito e senhor do Sul das Gálias, que foi eleito bispo de Clermont-Ferrand.
Antes de findar o século IV o Concílio de Niceia (325) e o I de Constantinopla, em respostas às heresias arianas e ao macedonismo, formularam a doutrina da Trindade que ficou fixada no seu conjunto no "Símbolo niceno-constantinopolitano". Por esta época colocou-se a questão da humanidade e divindade de Cristo que ficou definida no Concílio de Éfeso, convocado pelo imperador Teodósio II, que afirmou que Cristo é "perfeito Deus e perfeito homem" e definiu Maria como "Aquela que portou Deus" (Theotokos) em resposta à heresia Nestoriana (do bispo Nestório) que lhe atribuia apenas o Christotokos (Aquela que portou Cristo). Esta posição depois foi reafirmada no Concílio de Calcedônia (451) e no III de Constantinopla (680).